sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM


 
No Brasil, a Psicopedagogia existe há cerca de 40 anos,vem despertando a atenção de educadores e outros profissionais que trabalham com processo ensino-aprendizagem, ou que tem contato com pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem. 

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar tem como caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldade de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino. Este artigo surgiu da preocupação existente diante as dificuldades dos alunos em que faz-se construir seus próprios conhecimentos por meio de estímulos, tem justamente o objetivo de fazer uma abordagem sobre a educação e a importância do psicopedagogo diante da instituição escolar. 
Ao considerarmos a aprendizagem com base nos pilares cognitivos e das emoções, fazemos uso dos sentimentos envolvidos na relação professor-aluno e como o processo de ensino é efetivado em função dessa interação. Se o professor não si preocupar com a aprendizagem do aluno, este no final do ano, não terá uma posição satisfatória. Falar da relação professor - aluno é falar de relações humanas, é falar de alegria e da angustia do outro e até da falta de interesse por parte do aluno e suas respectivas dificuldades. Cada um tem uma história diferente, uma linguagem diferente, uma maneira diferente, um incentivo diferente, esses elementos foram construídos pelas múltiplas relações da realidade. 
Na relação educativa, dentro das práxis pedagógica, ele é o sujeito que busca uma nova determinação em termos de patamar crítico da cultura elaborada. Ou seja, é um ser humano que busca adquirir um novo patamar de conhecimentos, habilidades e modo de agir. Mas, o próprio aluno não tem essa visão e muitas vezes se angústia dentro da escola porque ao chegar ali traz de casa o auto-conceito e auto-estima a partir das relações que desenvolve com os pais ou pessoas de seu convívio diário. O professor, em sala de aula, não pode destruir essa relação. O educando não pode ser considerado, pura e simplesmente, como massa a ser informada, mas sim como sujeito, capaz de construir a si mesmo, desenvolvendo seus sentidos, entendimentos e inteligências, a educação escolar não pode exigir uma ruptura com a condição existente sem suprir seus elementos. Há uma continuidade dos elementos anteriores e, ao mesmo tempo uma ruptura, formando o novo. O que o aluno traz de seu meio familiar e social não deve ser suprimido bruscamente, mas sim incorporado às novas descobertas da escola. 
Quando uma criança aprende um novo modo de executar uma brincadeira, um modo de ser, não suprime o modo anterior, ao contrário, incorpora o modo anterior ao novo modo de execução. É o novo que nasce do velho, incorporando-o por superação (Luckesi, 1994, p. 118). 
Assim as relações entre os professores e alunos, as formas de comunicação, os aspectos afetivos e emocionais, a dinâmica das manifestações na sala de aula, segundo Libâneo (1994), fazem parte das condições organizativas do trabalho docente, juntamente com os aspectos cognitivos e sócio-emocionais da relação professor-aluno. Isso significa que o trabalho docente se caracteriza não apenas pelo preparo pedagógico e científico do professor e de toda a equipe da escola, mas também, pelo constante vaivém entre as tarefas cognoscitivas colocadas pelo professor e o nível de preparo dos alunos para resolverem as tarefas. 
A importância do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem começa a configurar-se quando se toma consciência das dificuldades dos alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com o professor e na escola, em um todo. As formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno e outros que fazem parte do contexto escolar. 


Cada aluno tem uma história diferente, uma necessidade diferente, uma expectativa diferente quando se relaciona com o outro, inclusive com o professor. Por sua vez, o professor em sala de aula não vê o aluno com o mesmo olhar de outro professor. O professor não apenas transmite os conhecimentos ou faz perguntas, mas também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a expressar-se, a expor suas opiniões. Para obter uma boa interação no aspecto cognoscitivo, é preciso levar em conta o manejo no recurso da linguagem; variar o tom da voz, falar pausadamente quando necessário e falar com simplicidade sobre os temas complexos. Nesse sentido, o que mais conta é a condição social do aluno e não a sua idade cronológica, conhecer também o nível de conhecimento dos alunos, ter um bom plano de aula, entendemos como sendo um bom plano de aula aquele que tem objetivos claros e estratégias de ensino capazes de ser colocadas em prática de acordo com a capacidade dos alunos e os recursos de sala de aula disponíveis na escola, explicar aos alunos o que espera deles em relação à assimilação da matéria. 

Outros aspectos indispensáveis são os sócio-emocionais. Estes aspectos referem-se aos vínculos afetivos entre o professor e os alunos, como também às normas e exigências objetivas que regem a conduta dos alunos na aula. 

O Psicopedagogo e a Instituição Escolar 

Diante do baixo desempenho acadêmico, as escolas estão cada vez mais preocupadas com os alunos que têm dificuldades de aprendizagem, não sabem mais o que fazer com as crianças que não aprendem de acordo com o processo considerado normal e não possuem política de intervenção capaz de contribuir para a superação dos problemas de aprendizagem. 

Neste contexto, o psicopedagogo institucional, como um profissional qualificado, está apto a trabalhar na área de educação, dando assistência aos professores e a outros profissionais da instituição escolar para a melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, bem como para prevenção dos problemas de aprendizagem. 

Por meio de técnicas e métodos próprios, o psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de problemas de aprendizagem em espaços institucionais. 
Juntamente com toda a equipe escolar, está mobilizado na construção de um espaço adequado às condições de aprendizagem de forma a evitar comprometimentos. Elege a metodologia e/ou a forma de intervenção como o objetivo de facilitar e/ou desobstruir tal processo. 

Os desafios que surgem para o psicopedagogo dentro da instituição escolar relacionam-se de modo significativo. A sua formação pessoal e profissional implicam a configuração de uma identidade própria e singular que seja capaz de reunir qualidades, habilidades e competências de atuação na instituição escolar. 

A psicopedagogia é uma área que estuda e lida com o processo de aprendizagem e com os problemas dele decorrentes. Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor. 

Para Bossa (2000), o psicopedagogo tem muito o que fazer na escola: Sua intervenção tem um caráter preventivo, sua atuação inclui: 

• orientar os pais; 
• auxiliar os professores e demais profissionais nas questões pedagógicas; 
• colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento em todos os integrantes da instituição e; 
• principalmente socorrer o aluno que esteja sofrendo, qualquer que seja a causa. 

São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode ajudar os alunos quando precisam, e muitas coisas podem atrapalhar uma criança na escola, sem que o professor perceba, e é o que ocorre com as maiorias das crianças com dificuldades de aprendizagens, e às vezes por motivos tão simples de serem resolvidos. Problemas familiares, com os professores, com os colegas de turma, no conteúdo escolar, e muitos outros que acabam por tornar a escola um lugar aversivo, e o que deveria ser um lugar prazeroso. 

Dentro da escola, a experiência de intervenção junto ao professor, num processo de parceria, possibilita uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente se os professores forem especialistas em suas disciplinas. Não só a sua intervenção junto ao professor é positiva, também com a participação em reuniões de pais, esclarecendo o desenvolvimento dos seus filhos, em conselhos de classe com a avaliação no processo metodológico, na escola como um todo, acompanhando e sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio necessário para cada criança com dificuldade. 

Segundo Bossa (l994, p. 23), 
[...] cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter essistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem. 
O psicopedagogo atinge seus objetivos quando, tem a compreensão das necessidades de aprendizagem de determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender às necessidades de aprendizagem. Desta forma o psicopedagogo institucional passa a tornar uma ferramenta poderosa no auxílio da aprendizagem. 

O Psicopedagogo e a Família do Educando 

O aprendizado não é adquirido somente na escola, é construído pela criança em contato com o social, junto com sua família e no mundo que o cerca. A família é o primeiro vínculo com a criança e é responsável por grande parte de sua educação, e de sua aprendizagem, e por meio desta aprendizagem ela é inserida no mundo cultural, simbólico e começa a construir seus saberes. Na realidade atual, o que temos observado é que as famílias estão meio perdidas, não sabendo lidar com situações novas: pais que trabalham o dia todo fora de casa, pais que brigam o tempo todo, desempregados, usando drogas, pais analfabetos, separados e mães solteiras. Essas famílias acabam transferindo para a criança, e esta entra num processo de dificuldade, e acabam depositando toda a responsabilidade para a escola, sendo que, em decorrência disso, presenciamos gerações cada vez mais dependentes, e a escola tendo que desviar de suas devidas funções para poder suprir outras necessidades. Cabe ai o psicopedagogo intervir junto à família das crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem, por meio de uma entrevista e de uma anammese com essa família, para tomar conhecimento de informações sobre sua vida orgânica, cognitiva, social e emocional. 
Estar atentos no que a família pensa, seus anseios, seus objetivos e expectativas com relação ao desenvolvimento do filho é de grande importância para o psicopedagogo chegar a um diagnóstico. 

O diagnóstico é um processo contínuo sempre revisável, onde a intervenção do psicopedagogo inicia, segundo vimos afirmando, numa atitude investigadora, até a intervenção. É preciso observar que esta atitude investigadora, de fato, prossegue durante todo o trabalho, na própria intervenção, com o objetivo de observação ou acompanhamento da evolução do sujeito. 

Às vezes, quando o fracasso escolar não está associado às desordens neurológicas, a família tem grande participação nesse fracasso. Percebe-se nos problemas, lentidão de raciocínio, falta de atenção, e desinteresse. Esses aspectos precisam ser trabalhados para se obter melhor rendimento intelectual. 

A família desempenha um papel importante na condução e evolução do problema acima mencionado, muitas vezes não quer enxergar essa criança com dificuldades que muitas vezes está pedindo socorro, pedindo um abraço, um carinho, para chamar a atenção para o seu pedido, a sua carência. Esse vínculo afetivo é muito importante para o desenvolvimento da criança. Sabemos que uma criança só aprende se tem o desejo de aprender, e para isso é importante que os pais contribuam nesse processo. 

É cobrado da criança que esta seja bem sucedida. Porém quando este desejo não si realiza, surge a frustração e a raiva que acabam colocando a criança num estado de menos valia, e proporcionando as dificuldades de aprendizagem. 

A intervenção psicopedagógica si propõe a incluir os pais no processo, através de reuniões, possibilitando o acompanhamento do trabalho junto aos professores. Sendo assim os pais ocupam um novo espaço no contexto do trabalho, opinando e participando. 

Autor: Joelma Gomes Cavalcante Leite
 
Fonte: http://pedagogiaonlineead.blogspot.com.br

sábado, 15 de dezembro de 2012

Por que Professoras e não “tias”?


A escola caminha pelos olhares abertos da pedagogia, pelos avanços científicos. A “tia” da escola infantil, forma de se dirigir à professora, teve seus dias contados, abolida pela linha socioconstrutivista.
Os pedagogos afirmam que o resgate do termo professora não é uma simples questão semântica. As escolas, que adotaram métodos das modernas práticas pedagógicas, ponderaram que a professora representa um novo modelo na vida da criança – ela não é, realmente, uma extensão familiar – e como tal deve ser preservada.
Paulo Freire, em seu livro “Professora sim, tia não”, escreve: “Ser professora implica assumir uma profissão, enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco. Chamar a professora de tia é no fundo uma ideologia que trabalha contra o rigor da profissionalização da educadora, como se para ser boa professora fosse necessário ser pura afetividade”
O professor é uma imagem importante para o aluno; ele não substitui afetos familiares. O componente afetivo deve existir, mas nunca como ideologia. A criança precisa de alguém que a oriente com firmeza, que lhe transmita os valores de vida, e o professor é o mentor desse processo de criação.
O costume de chamar a professora de “tia” vem da década de 60. As mulheres, ao buscar afirmação profissional, recorriam às escolas para cuidar de seus filhos e, de certa forma, segundo relato de mães, entregar os filhos à tia e não à professora lhes aliviava a culpa. Contudo, esse tratamento dissimula a relação de autoridade. A criança precisa diferenciar universos e perceber que cada espaço tem seus próprios valores, concluíram os pedagogos. Assim, as então chamadas escolas
Alternativas, hoje socioconstrutivistas, começaram a rever o tratamento nos anos 70.
A relação de aprendizado é uma nova aquisição na vida da criança. A professora é portadora de um conhecimento, abre as portas de um novo mundo, não estando, portanto, em situação de igualdade com as crianças. O psiquiatra infantil Haim Grunspun completa a análise: “Como “tia” a profissional acaba não considerando o seu próprio processo, do qual é proprietária. Existe uma ideologia de desprofissionalização do educador. A afirmação profissional emerge da conquista dos direitos do exercício pleno da função. O aluno aprende a respeitar a partir do próprio respeito. Pergunta: “Como as crianças podem entender 10 mil “tias” em greve?”
As crianças acabam percebendo por si que professora é a pessoa que educa, ensina brincadeiras, criar, inventar; tia é a irmã da mãe ou do pai. Hoje, se a dúvida persiste, ela está entre aqueles que escolhem a escola de acordo com suas convicções. Voltando a Paulo Freire, ele disse (1993): “Uma das características básicas do construtivismo é não estar demasiado certo da certeza. Se você absolutiza não tem oportunidade de crescer. Tenho 72 anos e estou aberto. Tenho este gesto da incerteza do certo”.
Porém, no caso da denominação professora ou “tia”, fica evidente que a primeira é um procedimento bem mais saudável e real.
No processo de ensino-aprendizagem, o importante é a escolha, por parte dos pais, de uma instituição idônea, capaz de oferecer aos seus alunos o que de melhor a época exige. Como escolher uma boa escola infantil?
A escolha deve partir primeiramente de sua situação legal, isto é, deve ser regularizada, com autorização do município para funcionar. A Escola tem de estar dentro da lei. Ela deve aproveitar o potencial enorme que a criança tem em aprender, estimula-la corretamente e oferecer-lhe espaços para que possa brincar. Há muitas especificidades na educação de crianças de 0 a 6 anos e professores não capacitados e ausência de um projeto pedagógico podem impedir esse processo. As crianças precisam brincar e se movimentar, os espaços não podem ser pequenos e pouco arejados. O imóvel precisa ser adequado para receber crianças: mesas com cantos arredondados, não deve ter escadas e tomadas de luz aparentes.
Só depois da Constituição de 1988 a educação passou a ser direito das crianças com menos de 7 anos. Até então, a criança brasileira não tinha direito à educação. A Constituição de 1988 reconheceu a Educação infantil como direito da criança e dever do Estado. Assim, deixou de ser vinculada à assistência social. A exigência do registro no município por parte do estabelecimento de ensino infantil veio apenas em 1996, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Esta lei definiu o município como responsável pelo ensino infantil e exigiu formação mínima de nível médio para os professores. Porém, até 2007 este professor deve possuir licenciatura de nível superior. O Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em 2001, dá prazo até 2006 para que os estabelecimentos de ensino infantil cumpram padrões de infra-estrutura para funcionamento.
Todos esses aspectos legais, estruturais, para o bom funcionamento de uma escola, são importantes, mas a tudo sobreleva a atuação do professor. Um bom método de trabalho, consciência profissional, competência e afetividade são ingredientes indispensáveis à educação. O professor que trabalhar mais como um facilitador da aprendizagem será insubstituível e inesquecível como é, para qualquer um de nós, a figura da primeira professora. 

FONTE: http://www.projetospedagogicosdinamicos.com/artigo_porque_professoras.html

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Pedagogo Multimeios atuando na Gestão Social e Orientação em projetos sociais

O Profissional Pedagogo com habilitação em Multimeios e Informática Educativa, promovendo uma inclusão social e digital, na gestão e orientação de projetos sociais.



Resumo:
Este artigo tem o objetivo de mostrar a contribuição da educação não – formal na contribuindo para uma inclusão social e digital dos sujeitos em estado de vulnerabilidade social, através de projetos sociais com a contribuição das empresas privadas. Mas a grande proposta do artigo é questionar quem é o profissional mais capacitado para gerenciar estes projetos social-educacional?

Educação Não – Formal: Contribuindo para o desenvolvimento do sujeito e inserção no mercado de trabalho.
Educação não–formal é considerada uma educação fora dos padrões hierárquicos da escola tradicional, ou seja, “formal”. Conceitua-se por trabalhar especificamente com diversos temas abordados, tais como: valores individuais, relacionamentos em sociedade, postura e formação qualificada especifica para o mercado de trabalho, entre outros; Sua duração é relativa, outra característica que a distingue da educação formal, que é estabelecida pela LDB, distingue em educação básica e superior; Pode ser desenvolvida em diversos espaços, sejam elas na Escola, ONGS ou Fundações.
Segundo a conceituação do site do INEP retirada da UNESCO (2007)
EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL: Atividades ou programas organizados fora do sistema regular de ensino, com objetivos educacionais bem definidos; Qualquer atividade educacional organizada e estruturada que não corresponda exatamente à definição de “educação formal”; Dependendo dos contextos nacionais, pode compreender programas educacionais que ofereçam alfabetização de adultos, educação básica para crianças fora da escola, competências para a vida “life – skills”, competências para o trabalho e cultura em geral. “Os programas de educação não-formal não precisam necessariamente seguir o sistema de “escada”", podem ter duração variável, e podem, ou não, conceder certificados da aprendizagem obtida. (cf. CINE 1997, UNESCO).
A educação não – formal vem preencher uma lacuna, deixada pela educação tradicional, que não consegue formar sujeitos para a convivência em sociedade e aprendizagem de forma categorizada e setorial, diferente da educação não – formal, que visa realizar a aprendizagem de forma interdisciplinar e inserção no mercado de trabalho. Ela busca desenvolver habilidades e potencialidades, desses indivíduos em situação de vulnerabilidade social, trabalhando com a autoestima, socialização, criatividade, ética, empreendedorismo, liderança, entre outros.
“Cobra”-se um perfil de trabalhadores criativo, que saiba compreender, processos e incorporar novas idéias, tenha velocidade mental, saiba trabalhar em equipe tome decisões, incorpora e assuma responsabilidades, tenha auto-estima, sociabilizada e atue como cidadão. (GONH, 1999, p. 95)
Ainda a autora Gohn, destaca alguns passos básicos para que a educação não – formal ocorra corretamente. Afirma que a mesma, necessita de quatro processos com cincos campos ou dimensões: A primeira envolve aprendizagem, política dos direitos dos indivíduos, o processo que desenvolve a conscientização e compreensão de seus interesses sociais; o segundo seria capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio de aprendizagem de habilidades/ ou potencialidades; o terceiro seria a aprendizagem, exercícios/práticas que capacitem os indivíduos a se organizarem comunitariamente, para resolver problemas coletivos; o quarto a aprendizagem por conteúdos da escolarização formal, escolar, em seus diversos espaços educacionais; O quinto é a educação desenvolvida na e pela mídia, principalmente a eletrônica, ou seja, a inclusão digital.
Para que a educação não – formal, seja implementada, ela necessita de um local, para ser desenvolvida, esses locais podem ser: ONGS, Fundações também chamados de Terceiro Setor e os Projetos Sociais desenvolvidos e situados por empresas privadas ou públicas, chamadas de Responsabilidade Social. O Terceiro Setor vem viabilizando as formações dos sujeitos que não tem condições de ser aceitos na sociedade e no mercado de trabalho.
Segundo Salamon (i2002, p.10), o terceiro setor é assim chamado para caracterizar organizações que não pertencem nem ao Primeiro Setor – o Governo, nem ao segundo Setor – o setor privado. Já Rubem César Fernandes, conceitua o Terceiro Setor como privado, porém público, ou seja, é mantida pelo privado, mas atende ás necessidades da comunidade.
O papel das empresas com a Responsabilidade Social na execução dos Projetos Sociais
Em meados da década de 80, as empresas privadas passaram a preocupar-se não apenas com seus “ganhos” próprios, mas também, com as comunidades do seu entorno; Iniciou na Europa e posteriormente passou a ser adotada em todas as empresas privadas. Com o foco de auxiliar a comunidade com diversos objetivos, tais como: erradicar a fome, extinguir com a violência, contribuir com a educação da sociedade, ampliar e qualificar a mão – de – obra, e também ganhar incentivos fiscais do governo, como uma forma de retribuir os benefícios que a mesma possa ter obtido.
A Responsabilidade Social foi incorporada pelas empresas privadas brasileiras, para contribuir com o desenvolvimento da sociedade; Uma das principais contribuições é na área da educação básica, especifica/qualificada e cultural;Segundo a Autora Silveira (2003):
Responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comprometimento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de seus familiares, da comunidade local e da sociedade como um todo”. Essa concepção assume a responsabilidade social como expressão de uma postura ética comprometida com o resgate da cidadania, assumindo uma posição de co-responsabilidade, na busca do bem-estar público, em articulação com as políticas sociais (instituto, fundações, organizações, universidades, comunidade etc.).
Ainda a autora Silveira enfatiza que incorporar a Responsabilidade Social, não é um processo fácil, pois “requer mudanças culturais, em que empresas e parceiros busquem um processo conjunto, sem prejuízo de uns e com resultados de outros”.
As empresas vêm investindo e financiando projetos sociais – educacionais para qualificação dos jovens e adultos, o que vem crescendo a exigência das mesmas, na qualidade dessas formações e treinamentos, para o desenvolvimento e aprimoramento dessas habilidades diversas, mas focando prioritariamente no desenvolvimento pessoal, na auto–estima, no relacionamento interpessoal e intra-pessoal, ética profissional e criatividade. Trabalhar esses conceitos nesses sujeitos é estar desenvolvendo uma inclusão social, ou seja, proporcionando que eles possam ser integrados na sociedade, como sujeitos; Mas para ser inserido como tudo, é fundamental que eles recebam formações das mídias digitais, em especial a informática. Os projetos visam integrar inclusão social e digital.
Para ser desenvolvido essas competências são necessárias ser planejado e elaborado um projeto, com objetivos específicos, formas de sustentabilidade, local a ser executada, público a ser atingido. Esses planejamentos são chamados de projetos sociais. Segundo Santos (2001. p.177) Um projeto é uma ação planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades (é desenvolvida num determinado local, público – alvo delimitado) baseados em quantidades limitadas de recursos (humanos, materiais e financeiros) e de tempo.
Os projetos sociais têm como principal meta, auxiliar as comunidades em situação de vulnerabilidade social, com capacitação, educação para a cidadania cultura, entre outros. Em sua grande maioria, tem como mantenedores empresas privadas, nos seus programas de responsabilidade sociais. Ainda, o autor Santos afirma que:
Deve-se enfatizar que os projetos sociais e culturais têm como principio orientador a procura da eqüidade, o que implica satisfação das necessidades básicas da população, priorizando-as segundo seus graus de urgência para a seleção dos beneficiários dos projetos sociais e o estabelecimento de prioridades nos objetivos a serem atingidos.
O grande equívoco que está ocorrendo, é que o terceiro setor não está trabalhando com profissionais capacitados para atuar na gestão desses projetos educacionais. Para coordenar esses projetos, é necessário ter um profissional da educação, que tenha um olhar amplo, que saiba trabalhar de forma interdisciplinar, com diversas áreas como educação, comunicação, tecnologias e gestão.
Segundo Gonh (1999.p.78):
O outro resultado das mudanças das conjunturas sobre as Ongs, foi à necessidade de qualificação de seus quadros. A palavra de ordem passou a ser eficiência e produtividade na gestão de projetos sociais. Ter pessoal qualificado com competência para elaborar projetos com gabarito, passou a ser diretriz central e não mais a militância ou engajamento anterior á causa em ação.
A Pedagogia contribuindo na Gestão e Orientação dos Projetos Sociais
Para gerenciar projetos sociais é necessário ser um gestor social, possuir noções de administração, contabilidade, psicologia e principalmente educacional e social; é fundamental que todos os projetos a serem planejados foquem na educação, cultura e lazer, pois a comunidade em estado de vulnerabilidade social, possui carência em cultura, portanto não basta apenas possibilitar, mas também propiciar momentos de lazer, paralelo com as formações, capacitações e treinamento, para que esses sujeitos tenham oportunidade de inserir-se no mercado de trabalho tratando-se de jovens e adultos e nas crianças e idosos adquiram diversos conhecimentos culturais e momentos de lazer.
Segundo Carvalho ( 2001. p 17):
A gestão social tem, com a sociedade e com os cidadãos, o compromisso de assegurar, por meio das políticas e programas públicos, o acesso efetivo aos bens, serviços e riquezas da sociedade. Por isso mesmo, precisa ser estratégica e conseqüente.
Um projeto social para ser implementando requer uma boa gestão, contanto com uma equipe com distribuições de suas funções bem especificas, que possa gerar indicadores claros e objetivos, para os financiadores e parceiros do projeto, e o público que será beneficiado.
Ainda Carvalho (i2001), afirma que é necessário ter ação gerencial, tomada de decisões e harmonia organizacional, liderança, é saber conduzir, inspirar e orientar os membros da equipe e ter motivação, um gestor precisa transmitir para sua equipe motivação, mostrar que é preciso trabalhar com prazer, principalmente nessa área social – educacional. O autor menciona ainda para a motivação a teoria de Maslow com sua hierarquia Auto–Realização, reconhecimento, estima segurança e sobrevivência, toda a moderna concepção de tratar pessoas não como um elemento de custo a ser controlado e sim como um potencial a ser desenvolvido”.
Atuação de pedagogos em diversos espaços educacionais tem propiciado um novo paradigma, pois anteriormente sua formação era focada para alfabetização, e com as demandas da sociedade, visto que apenas a escola não esta conseguindo desenvolver habilidades interpessoais, criativas e quem o insiram no mercado de trabalho, o Pedagogo percebe sua importância em outros espaços há não ser o da escola formal e acaba por ingressar em vários espaços como coordenação de escolas, Recurso Humanos de empresas, treinamentos em empresas, e na orientação de projetos sociais;
Segundo a autora Ceroni, (2006 p. 5):
O Educador percebe que mudança pedagógica é não só promover a auto-aprendizagem de seu aluno fora da sala de aula, mas também ele próprio vivenciar novas experiências e caminhar para novas descobertas de suas habilidades e competências fora da abrangência escolar. Passou a buscar então, novos matizes pedagógicos, ampliando a dimensão pessoal e social de conceito de educador.
A participação de pedagogos vem mostrando uma real contribuição, em razão de sua formação trabalhar de forma interdisciplinar, e visar o trabalho em grupo, auxilia na gestão educacional, por ter uma visão ampla, mas focando prioritariamente, na formação do individuo.
As orientações pedagógicas em projetos sociais realizadas pelos pedagogos têm mostrado as estruturas dos mesmos, pois os pedagogos focam não apenas na capacitação do público a ser atendido, como na formação de sua equipe, tendo uma preocupação, mesmo aquele funcionário, tendo o cuidado de ensinar todos os lados educacional, social e administrativo do projeto como um todo, é preciso que todos estejam em harmonia para melhor, compreender a importância de suas atuações.
Segundo a autora Cutry (2001. p. 30):
A capacitação é hoje uma das preocupações centrais do pensamento
organizacional. Tornar capaz – as organizações e as pessoas que lhes dão corpo e espírito – diante dos objetivos que se quer ou se precisa alcançar pode fazer toda a diferença entre o brilho e a mediocridade, entre o cumprimento conseqüente da missão institucional ou a mera sobrevivência.
Os benefícios da capacitação são até mesmo quantificáveis, quando pensamos que pessoas mais capazes decidem melhor e, portanto, otimizam a alocação de recursos de toda ordem.
A gestão de projetos sociais sendo realizada por um pedagogo, vem a contribuir com um dos principais requisitos para um gestor social desenvolver: um planejamento claro, objetivo, que descreva as necessidades do público a ser atendido; A partir do projeto efetuado, é necessário apresentar com segurança o projeto a ser implementado, buscando parcerias, e/ou, desenvolvendo soluções imediatas para empresas privadas, auxiliando na responsabilidade social. Portanto, é essencial saber criar um planejamento, para tornar-se um projeto bem elaborado e possuir as qualidades descritas pela autora Jobim (2002.p.2): afirmando que é necessário conter no desenvolvimento/planejamento, na elaboração e gestão de projetos sociais três conceitos: “Eficácia, para produzir o efeito esperado, obter resultados, fazer o que deve ser feito; Eficiência, capacidade de produzir um efeito, obter bons desempenhos e efetividade, ser real, estável, ou seja, atender às expectativas. “.
Segundo a autora Ávila (2001.p.41):
Ter em conta a existência dessa interdependência entre planejamento, implementação avaliação é, portanto, não só desejável, mas absolutamente necessário à eficiência, eficácia e efetividade no desenvolvimento e nos resultados de qualquer projeto social.
O perfil do profissional Pedagogo com habilitação em Multimeios e Informática Educativa, promovendo uma inclusão social e digital, na gestão de projetos sociais.
O profissional pedagogo multimeios e informática educativa é um pedagogo diferenciado, pois possui habilidades e competências voltadas para as mídias digitais como a impressa, comunicacionais e informatizadas, todos voltado para a educação. Suas competências visam trabalhar de forma interdisciplinar com os professores da educação regular na coordenação de laboratórios de informática e criação de planejamento para o uso do mesmo, treinamento e formações nas empresas com auxilio de implantação de novos softwares e desenvolver softwares educacionais, ministrar e coordenar projetos de inclusão digital. Todas as competências visam o gerenciamento do trabalho em grupo, tornando o profissional multimeios apto a gerenciar projetos sociais – educacionais.
Segundo afirma autora Cury (2001. p. 53).
Uma das exigências dessa nova proposta de transformação social trazidas às organizações é o rompimento com a “cultura do isolamento” e o desenvolvimento de uma nova mentalidade, de novas capacidades, habilidades e estratégias para uma atuação conjunta, compartilhada. Não é mais possível trabalharmos sozinhos; é preciso nos articular, potencializar nossas ações através das parcerias e das redes.
As competências do profissional pedagogo multimeios, interligam com um gestor social, tanto nas diversas áreas de conhecimento como educação, comunicação e informática, quanto na social e na administração, facilitando na comunicação social, quanto às empresas privadas. Ainda a mesma autora Curty (in Alves. 2001.p 32), afirma que “do meio externo se originam condições – econômicas, culturais, tecnológicas, demográficas, políticas, sociais, entre outras – que podem se consubstanciar em oportunidades a serem capitalizadas ou em riscos a serem afastados ou minimizados”.
Segundo Almeida (2007), elaborar um projeto social significa reconhecer a necessidade de intervenção diante de um problema, analisar esta necessidade, estabelecer alternativas, tomar decisões frente ás alternativas. Essa afirmação compõe as habilidades do profissional pedagogo multimeios, no sentido que ele é um “solucionador de problemas”, no contexto que ele é sempre solicitado, a achar soluções para diversas realidades seja ela voltada para a coordenação, elaboração de projetos com o uso das mídias digitais em geral ou sem uso das mesmas, porem de forma criativa e comunicativa.
O planejamento na atuação do pedagogo multimeios é uma de suas principais atribuições, pois é de suma importância nessa área, criando estratégias criativas e inovadoras, com objetivos amplos, específicos de forma clara e coletiva. Todos os planejamentos e projetos visam à necessidade de trabalhar coletivamente de forma integrada, onde todos possam colaborar e interagir, para chegar a um consenso lógico, com ética e articulação para estar resolvendo os problemas sociais – educacionais.
Segundo a autora Curty (2001.p.34) existe três etapas para elaboração de projetos sociais processo lógico, comunicativo, cooperação e articulação. É fundamental hoje “sair para o mundo” na busca de novas parcerias e na integração com as redes sociais existentes. É preciso lembrar, ainda, que essas três dimensões são perpassadas por uma outra, a dimensãopedagógica: descrever, analisar e sintetizar fatos e informações; saber comunicar-se, persuadir, convencer; compreender e operar nosso entorno social; reconhecer e aceitar diferenças; saber trabalhar em grupo de maneira participativa, tudo isso faz parte de um importante aprendizado social.
Um pedagogo multimeios na gestão social contribuiu tanto na capacitação técnica, para inserção no mercado de trabalho, quanto na formação individual, incluindo socialmente e digitalmente, os sujeitos que serão atendimentos, pelos projetos sociais.
A autora Carvalho (2001) afirma que: “uma pedagogia emancipatória põe acento nas fortalezas dos cidadãos usuários dos programas e não mais, tão-somente, em suas vulnerabilidades. Potencializa talentos, desenvolve a autonomia e fortalece vínculos relacionais capazes de assegurar inclusão social.
Considerações Finais
Este artigo teve a intencionalidade de mostrar que a elaboração de um projeto social é fundamental para a inclusão social e a gestão de instituições não-formais. E, o objetivo destas instituições é estar auxiliando os sujeitos em estado de vulnerabilidade social, como um meio de estar sendo incluídos na sociedade, através da educação não-formal, ou seja, educação social, auxiliando no desenvolvimento pessoal desses sujeitos como autonomia, auto-estima, auxiliar nas relações sociais e individuais, através da inserção da cultura e capacitações para o mundo do trabalho. Foi focado a importância que as empresas privadas possuem para a implementação desses projetos, através da responsabilidade social, financiando e sendo parceira dos mesmos.
Enfatizou-se também neste artigo, a gestão desses projetos sociais, como sendo de suma importância para que os mesmos possam realmente cumprir seu objetivo, que é auxiliar as comunidades para inserção dos indivíduos no mercado de trabalho e na sociedade como um todo. Mostrou-se a importância desse gestor ser um pedagogo, por sua atuação em equipes, de forma a ter uma visão interdisciplinar e que possa capacitar sua equipe de trabalho, conscientizando-os da importância social – educacional.
Mas o foco principal do artigo, fora mostrar que um dos profissionais mais aptos para atuar na gestão de projetos sociais, é o Pedagogo Multimeios e Informática Educativa, pois tem uma ampla atuação nas três áreas: educação, comunicação e tecnologia, com habilidades de gestão e orientação, treinamentos/capacitação e formação de professores. Ainda, é este profissional quem tem uma visão aberta para implementação de projetos de inclusão digital e social, pois não atua apenas com tecnologia, mas sim,na solução de problemas, de forma criativa e objetiva, com grande habilidade no desenvolvimento e criação de planejamento, visando um projeto educacional, tanto para educação regular, quanto para educação não – formal.
O Pedagogo Multimeios, atuando na gestão de projetos sociais, vai possibilitar uma inclusão digital e social, para os sujeitos que atuaram nos projetos. Com sua competência de gerenciamento e coordenação, e com habilidade de estar pesquisando e descobrindo novos recursos digitais, estando sempre atualizado para o mundo globalizado.
Referências
Maria do Carmo Aguiar da Cunha Silveira- O Que é Responsabilidade Social Empresarial? <http://www.sfiec.org.br/artigos/social/responsabilidade_social_empresarial.htm >26/02/2003. Acessado (11/10/2007)
Ceroni, Mary Rosane – O perfil do pedagogo para atuação em espaços não – escolares <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid= MSC0000000092006000100040&script=sci_arttext&tlng=pt> 2006. Acessado em 03/10/2007




FONTE: www.pedagogiaaopedaletra.com

quarta-feira, 25 de julho de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012

RUBEM ALVES - “Gostaria que pensassem em mim como alguém que é apaixonado pela vida”


Para Rubem Alves, os títulos de escritor, educador, psicanalista, professor e teólogo, conquistados ao longo de sua vida profissional, são apenas acessórios. “Gostaria que pensassem em mim como alguém que é apaixonado pela vida”, diz. Aos 75 anos, esse mineiro de Boa Esperança (MG), que vive em Campinas (SP), recorda com alegria as lembranças da terra natal, onde passou toda a infância:“São memórias de uma fazenda velha, casinha lá fora, sem luz elétrica, lamparina a querosene, monjolo batendo milho e pobreza. Mas eu era feliz, porque não sabia que era pobre. A infelicidade se encontra na comparação.”

Rubem é professor-emérito da Unicamp, ex-colaborador dos jornais “Correio Popular”, “Folha de São Paulo” e autor de uma extensa obra literária, na qual se destacam: “O retorno e Terno”, “O Quarto do Mistério”, “Sobre o Tempo e a Eternidade”, “A Festa de Maria”, “Cenas da Vida” e “Concerto para Corpo e Alma.

Não há como discordar do autor, quando ele diz que seus títulos são apenas acessórios. Na trilha dos caminhos possíveis que traça para uma educação mais amorosa, tema central de seu trabalho, há muito mais que uma mistura de especialistas neste ou naquele assunto. Há, sim, um ser humano lúcido e intenso, que ainda acredita e aposta na beleza da vida. A Revista ECOLÓGICO selecionou um pouco da prosa poética de Rubem Alves. Desfrute!

Alegria

“Sim, eu quero viver muitos anos mais. Mas não a qualquer preço. Quero viver enquanto estiver acesa, em mim, a capacidade de me comover diante da beleza. A comoção diante da beleza tem o nome de ‘alegria’, mesmo quando as lágrimas escorrem pela face. A alegria e a tristeza são boas amigas. (...) Essa capacidade de sentir alegria é a essência da vida. (...) Na alegria, a natureza atinge seu ponto mais alto: ela se torna divina. Quem tem alegria tem Deus. Nada existe, no universo, que seja maior que esse dom.”

Vida

“Alguns há que pensam que a vida é coisa biológica, o pulsar do coração, uma onda cerebral elétrica. Não sabem que, depois que a alegria se foi, o corpo é só um ataúde. E aí os teólogos e médicos, invocando a autoridade da natureza, dizem que a vida física deve ser preservada a todo custo... mas a vida humana não é coisa da natureza. Ela só existe enquanto houver a capacidade para sentir a beleza e a alegria.”

Deus

“Deus deu aos homens a terra firme, as lagoas e os mares mansos. Mas o mar absoluto, esse ele deu ao perigo e ao abismo. Então, o jeito é só navegar no marzinho sem perigo e sem abismo! Pode ser. Mas aí o olho da gente fica feito olho de boi, parado, nada vê, e quando vê fica assustado. Deus é perigo, é abismo. Mora no grande mar. Por isso é que só nele que se espelha o céu. Quem viu o céu espelhado no abismo e no perigo esse terá, para sempre no olhar, o brilho da eternidade.”

Sentimentos

“Promessas são as palavras que engaiolam o futuro. Por isso elas se fazem acompanhar sempre de testemunhas. Se o pássaro engaiolado, em algum momento do futuro, mudar de sentimento e de ideia e resolver voar, as testemunhas estão lá para reafirmar as promessas feitas no passado. O dito e contratado não pode ser mudado.”

“Muitas são as promessas que os noivos podem fazer: prometo dividir os meus bens, prometo não maltratá-la, prometo não humilhá-lo, prometo protegê-la, prometo cuidar de você na doença. Atos exteriores podem ser prometidos. Assim se fazem os casamentos, com pedra, ferro, cimento e amor. Mas as coisas do amor não podem ser prometidas. Não posso prometer que, pelo resto da minha vida, sorrirei de alegria ao ouvir seu nome. Não posso prometer que, pelo resto de minha vida, sentirei saudades na sua ausência. Sentimentos não podem ser prometidos.”

Cozinha

“Nas casas de Minas, a cozinha ficava no fim da casa. Ficava no fim não por ser menos importante, mas para ser protegida da presença de intrusos. Cozinha era intimidade. E também para ficar mais próxima do outro lugar de sonhos, a horta-jardim. Pois os jardins ficavam atrás. Lá estavam os manacás, o jasmim-do-imperador, as jabuticabeiras, laranjeiras e hortaliças. Era fácil sair da cozinha para colher chuchus, quiabos, abobrinhas, salsa, cebolinha, tomatinhos vermelhos, hortelã e, nas noites frias, folhas de laranjeira para fazer chá.”

“A cozinha era o melhor lugar. De manhã, depois do café com leite, pão e manteiga, cada um ia para um lugar diferente. Era a hora da separação. O que era muito bom. À noite, todos nos encontrávamos de novo na cozinha, o que era melhor ainda.”

“De noite a cozinha era um lugar macio, de ficar quieto, fazendo nada, só gozando... Gozando a dança vermelha das chamas, o cheiro das resinas, o barulhinho do fogo crepitando, o gosto bom do café com bolo. Era uma festa para os sentidos tranquilos.”

Fogão

“O fogão de lenha aceso era um altar. A gente adorava sem saber. (...) A lenha queimava, perfumando o ar com o cheiro das resinas que a madeira chorava através de suas gretas. E, de repente, voavam fagulhas estalando pequenos fogos de artifício. O fogo avermelhava os rostos. (...) A conversa era só uma desculpa para estar juntos. A conversa era uma continuação das mãos. As palavras tinham carne.”

Ipês

“Um ipê-rosa florido! Já pensaram nisso? Que as flores são os pensamentos da terra? A terra pensa flores! Dentro dela, as flores ficam guardadas, dormindo, mergulhadas na escuridão. Mas, pela magia de uma árvore, os pensamentos da terra se oferecem aos nossos olhos sob a forma de flores! Dentro da terra estão todas as flores do mundo, à espera de árvores... a terra sonha ipês.”

Ver e enxergar

“Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia a frente de sua casa, porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.”

Política

“A política, antigamente, era mais verdadeira. Os partidos não tinham os nomes cheios de letras, como os de agora. Se tinham, ninguém se importava. O que valia mesmo eram os nomes que o povo lhes dava. Em Boa Esperança, onde nasci, os partidos eram dois: os ratos e os queijos. Não era preciso dizer mais nada. Compreendia-se de imediato a natureza do jogo político. Cada partido queria destruir o outro. Rato quer comer queijo. Queijo quer ser isca de ratoeira. Era uma briga-festa marcada por foguetes, provocações, passeatas.”

“Agora, ao invés de nomes de bichos, como ratos, gambás, tatus, macacos, porcos-espinhos e cobras, os nomes se encheram de letras cujo sentido poucas pessoas sabem. Na verdade, cada letra vale por uma ideia, mas a ideia, com o passar do tempo, foi mumificada e ninguém pensa mais nela.”

“(...) Talvez o povo venha a despertar de sua apatia quando, ao invés de ter de votar nos jogadores que irão constituir os times partidários, ele tiverem de decidir sobre questões concretas do seu cotidiano. Se duvidam, perguntem ao bispo que jejuou pelo Rio São Francisco.”

Natureza

“Deus se pôs nas flores, no arco-íris, nas nuvens, nos regatos, nos peixes, nas árvores, nas frutas, no vento, nos perfumes, nos insetos, nas estrelas, só um pedacinho. Sabe aqueles vitrais maravilhosos das catedrais, feitos com milhares de pedacinhos de vidro colorido? Nenhum pedacinho, isoladamente, diz a beleza do todo. É preciso que todos os pedacinhos estejam juntos, nenhum é mais importante que o outro.”

Palavras

“Todas as palavras tomadas literalmente são falsas. A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada. Cuidado com a sedução da clareza! Cuidado com o engano do óbvio!”

Escolas

“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. (...) Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.”

“Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.”

Crianças

“Elas ainda têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. Tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, um ninho de guaxo, uma concha de caramujo, o voo dos urubus, o zunir das cigarras, o coaxar dos sapos, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra.”

Educação

“Não acredito que exista coisa mais importante para a vida dos indivíduos e do país que a educação. A democracia só é possível se o povo for educado. Mas ser educado não significa ter diploma superior. Nossas universidades são avaliadas pelo número de artigos científicos que seus cientistas publicam em revistas internacionais em línguas estrangeiras. Gostaria que houvesse critérios que avaliassem nossas universidades por sua capacidade de fazer o povo pensar. Para a vida do país, um povo que pensa é infinitamente mais importante que artigos publicados para o restrito clube internacional de cientistas.”

Nascer e morrer

“Dizem as escrituras sagradas: ‘Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer’. A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A ‘reverência pela vida’ exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir.”

Aniversário

“A celebração de mais um ano de vida é a celebração de um desfazer, um tempo que deixou de ser, não mais existe. Fósforo que foi riscado. Nunca mais acenderá. Daí a profunda sabedoria do ritual de soprar as velas em festa de aniversário.”

Amar

“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que a qualquer momento ele pode voar”.

Metamorfose

“Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses.”

Semente



“O nascimento do pensamento é igual ao nascimento de uma criança: tudo começa com um ato de amor. Uma semente há de ser depositada no ventre vazio. E a semente do pensamento é o sonho. Por isso os educadores, antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor: intérpretes de sonhos.”

Saudade

“A saudade é nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.”





Significado do respeito à diversidade.


A diversidade também é uma cultura a ser construída e representa uma visão de como se deve pensar, planejar e organizar a educação para a melhoria da sociedade. O respeito e o reconhecimento da diversidade é um dos princípios fundamentais na construção de um sistema educacional inclusivo. Reconhecer o direito à diversidade em educação é dar respostas às diferentes necessidades educacionais que os sujeitos apresentam diante do fato educativo. O respeito à diversidade é uma forma de garantir que a cidadania seja exercida e os vínculos sociais fortalecidos. Respeitar as diferenças não é deixar o discente fazer o que quiser, pois a sala tem uma dinâmica dada por todos e regras que devem ser elaboradas em conjunto RESPEITANDO A DIVERSIDADE e sendo cumpridas por todos.

domingo, 22 de julho de 2012

O que Rubem Alves nos fala sobre os perigos da leitura?



Questiona que a ênfase no pensamento a partir das leituras realizadas fazem com que os alunos, no lugar de refletirem sobre o que leram, ampliando o seu campo de compreensão do mundo, de si e do outro torna-se apenas co-repetidores, repetindo o que leram, da maneira como leram, em que o pensamento, não vai sendo ampliado, mas tolhido, ou seja, seu pensamento vai sendo proibido, vedado, impedindo de se expandir.